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quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Universo de consumo individual



Pintura de Salvador Dalí, The Persistence of Memory, 1931


Entre o desejo, o sonho e a ilusão me deparo com a insígnia mutável do que sou. É o meu lugar no mundo, o que estou fazendo para o mecanismo andar, ir em frente, sem titubear ou se esparramar pelo chão, ainda que mantenha uma aparência intacta – para o mundo é importante que se faça assim: de atos, trejeitos e afetos nem sempre verdadeiros.


Às vezes não entendo todas as discussões acaloradas que se desenrolam em vários lugares do mundo, constantemente relatados em pautas imensas que passaríamos o dia inteiro para ler, entender e ruminar o assunto por mais algumas horas para entendermos melhor dos variados aspectos que se encadeiam num mesmo assunto. E a tecnologia está aí para isso: nos ajudar!, mas também causar um alvoroço interior porque queremos saber de tudo, ter ideia para todas as coisas e opinar em todos os assuntos correntes. Mas como? Perguntamos, indignados. Se mal temos tempo para trabalhar e organizar nosso mundo particular? 


Queremos, ansiamos, e é assim que vamos construindo nossos sonhos: de fazer uma viagem por vários lugares do planeta, de cuidar melhor da família, dar mais atenção aos amigos, ler a pilha de livros organizada pela ordem do desejo, vasculhar as ruas, restaurantes, cinemas, museus, enfim, ter tempo não só para conhecer mais o mundo externo, mas também se dar ao luxo de extrapolar dentro do seu universo de consumo individual.


Mas, cá, lá, acolá ou ali estamos nós, precisando de um lugar, de uma direção que dê o cálculo exato para darmos conta dos amontoados intermináveis de nomes, notícias, eventos, sites que anotamos durante o dia ou à noite porque nos interessamos pelo assunto, é então que começa a luta da prioridade. Mas, como? Tudo é importante e interessante! Além do mais, há uma vida que pulsa e independe de qualquer opção pessoal, porque existem as surpresas da vida ou as peças, boas ou ruins, que ela nos prega. Não que sejamos desajustados, banais ou desatentos - longe disso. É o ego, o olhar e o detalhe da diferença que acontecem sem hora prevista.

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