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terça-feira, 16 de julho de 2013

Voo no descompasso




 
Imagem:http://deliriosdeumanjoperdido.blogspot.com.br/2012/06/naonunca-me-deixe-ir.html
Quando nos é dada a oportunidade de voar e sair em direção a nossos mundos interiores, silenciosos e gritantes nesse intrépido invólucro, feitos de argamassa e pudor humano, demora-se um pouco a escapar. Esse é o peso da divina comédia humana: Escapar!



O mundo que me perdoe, mas o que se passa agora na cabeça dos que estão famintos, descalços, nus, disformes - o que se passa, meu Deus?! Creio que somente algumas vontades elementares de sustentarem seus corpos, que mal pairam no ar. Não só destes desgrenhados materiais e humanos, mas o peso dessa anomalia chamada fome – e existem infindáveis tipos-, há de um dia desaparecer diante da infinita estupidez humana.



É ai é que entra o promíscuo mundo obscuro do homem. Não é só a fome, o frio, o calor e outras sensações físicas que matam levas de indivíduos a cada dia, mas a perda de suas personalidades a cada momento: o perder-se, o não-encontro, o não-saber, o não-viver.



Existem valores para o homem que são a edificação mais sólida criada em toda a humanidade, e eles - as virtudes, os atos, a benevolência -, não se manifestam antes da passagem por esse subterfúgio chamado planeta terra. Ao tatearmos uma superfície tão escorregadia sentimos o terrível medo de nos afogarmos.



Seguimos um ritmo, dançamos no descompasso da vida e das coisas que se mostram para nós com suas faces inventadas, e vemos que somos impulsionados a encontrar mundos e pessoas escondidas na poeira do tempo. Toda essa música sem graça e sua triste composição sádica nos levam pelas reentrâncias deste mundo sem leis, cores, códigos, moradia, normas, comidas, vestimentas, poesia e boa música. Vamos à busca das novas composições e arranjos que virão de uma viagem muito longa, delineando os extremos do universo.

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