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quarta-feira, 22 de maio de 2013

A Escritora urgente


Imagem:http://www.wanderlino.com.br/cronicas/cronicas/88.html




 Decidi escrever. Fazer de mim um som nítido e perverso, que se pode ouvir no tilintar das horas. É estranha a sensação degustada, quase eufórica, de se ver no reboliço da aparência e da importância que damos as coisas; de como devoramos nossos impulsos impensados – o eco que nomeamos internamente de irracionalidade ou irrealidade cotidiana.

Nesta noite, que falo coisas errantes e faço-me escutar por entre meus fragmentos de palavras, sou a escritora que se capta em uma espécie de silêncio o terror da existência fugaz e o modo incrédulo como muitos levam suas vidas - incrédulos de si, não sabem a respeito, ou não desejam saber, da suprema natureza do infinito. 

A felicidade me aflige, constantemente. Ela, não é mais que o momento oportuno em que guiamos nossos instintos para a busca de algo desconhecido, que não sabemos nomear ou descrever secretamente pelo intermédio fascinante das palavras. Este estado de ser, a busca por alguns instantes do absoluto, é o oposto da comédia que se instala no trágico impossível diante dos acontecimentos e dos atos vis que costumo presenciar com tamanha indignação – pois eles, os atos de que falo, manifestam-se como a alma corrupta que escapa do sangue pastoso, sem cor definida, formas, ou nome próprio.

O que é o impulso humano que joga para a cena a face verdadeira da alma? Algo como uma arquitetura arranjada e predestinada – um conceito próprio do ser. Ao mesmo tempo, figura como o esqueleto flechado, dosado de entranhas reais, visíveis, imorais, corruptas, a mistura revolta em ambiguidades; o tudo, o princípio, o nada, o meio, o medo, a redenção, o fim; intempestivamente, a retomada para os ciclos invisíveis que cada homem que manifesta seus instintos inconfessáveis adquire diante do trono de sonhos que constrói em sua busca do equilíbrio e das respostas que aspiram encontrar.

Existe uma falta - do equilíbrio, que se vai constantemente. E dessa falta, surgem as histórias em suas cores e tons psicológicos que porventura não se pode desvendar por completo – penso que é o mistério que se desenha em sua forma nua, em revolta, à espreita de ver, avidamente, a alma com algum resquício, revestida de cores vibrantes.

Dessas sensações arbitrárias, como sentenças de morte mal planejadas, são os dias vividos da escritora urgente. Para ela, a crueza dos pensamentos e as visões curtas e reais não transmitem tons vívidos, mas destoam olhares, sabores, toques, a sutil espécie da imaginação humana, que, de suprema criadora das coisas, também é destruidora da natureza infinita do homem. Resta, à escritora, escrever e subtrair do todo o enigma das palavras.

***

3 comentários:

  1. O texto é belo e as palavras têm um tom lírico que pouco se vê atualmente. Já publicou algum livro ou só escreve no blog mesmo?

    Parabéns, Patrícia... sucesso em sua carreira!

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  2. Roberto, obrigada pela visita e comentário! Tenho uma publicação com a Cogito Editora - VII ANTOLOGIA POÉTICA e estou vendo outras possibilidades para a prosa. Na pág de apresentação do Blog tem os endereços que faço postagens:
    Blog Intimidades de uma Escritora
    http://intimidadesdeumaescritora.blogspot.com.br/

    Colunista, aos sábados, na Revista Biografia:
    http://sociedadedospoetasamigos.blogspot.com.br/search/label/Patrícia%20Dantas

    Participará da MUNDO ANTOLOGIA POÉTICA ,
    pela Cogito Editora, lançamento em julho de 2013.

    Portal BVEC:
    http://www.portalbvec.net/

    Possuo, desde 2010, sua página atualizada no Recanto das Letras:

    http://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=68582

    Abraços,

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