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Decidi escrever. Fazer de mim um som nítido e perverso, que se pode ouvir
no tilintar das horas. É estranha a sensação degustada, quase eufórica, de se
ver no reboliço da aparência e da importância que damos as coisas; de como devoramos
nossos impulsos impensados – o eco que nomeamos internamente de irracionalidade
ou irrealidade cotidiana.
Nesta noite, que falo coisas errantes e faço-me escutar por entre meus
fragmentos de palavras, sou a escritora que se capta em uma espécie de silêncio
o terror da existência fugaz e o modo incrédulo como muitos levam suas vidas -
incrédulos de si, não sabem a respeito, ou não desejam saber, da suprema
natureza do infinito.
A felicidade me aflige, constantemente. Ela, não é mais que o momento oportuno
em que guiamos nossos instintos para a busca de algo desconhecido, que não
sabemos nomear ou descrever secretamente pelo intermédio fascinante das
palavras. Este estado de ser, a busca por alguns instantes do absoluto, é o
oposto da comédia que se instala no trágico impossível diante dos
acontecimentos e dos atos vis que costumo presenciar com tamanha indignação –
pois eles, os atos de que falo, manifestam-se como a alma corrupta que escapa
do sangue pastoso, sem cor definida, formas, ou nome próprio.
O que é o impulso humano que joga para a cena a face verdadeira da alma?
Algo como uma arquitetura arranjada e predestinada – um conceito próprio do
ser. Ao mesmo tempo, figura como o esqueleto flechado, dosado de entranhas
reais, visíveis, imorais, corruptas, a mistura revolta em ambiguidades; o tudo,
o princípio, o nada, o meio, o medo, a redenção, o fim; intempestivamente, a
retomada para os ciclos invisíveis que cada homem que manifesta seus instintos
inconfessáveis adquire diante do trono de sonhos que constrói em sua busca do
equilíbrio e das respostas que aspiram encontrar.
Existe uma falta - do equilíbrio, que se vai constantemente. E dessa
falta, surgem as histórias em suas cores e tons psicológicos que porventura não
se pode desvendar por completo – penso que é o mistério que se desenha em sua
forma nua, em revolta, à espreita de ver, avidamente, a alma com algum
resquício, revestida de cores vibrantes.
Dessas sensações arbitrárias, como sentenças de morte mal planejadas, são
os dias vividos da escritora urgente. Para ela, a crueza dos pensamentos e as
visões curtas e reais não transmitem tons vívidos, mas destoam olhares,
sabores, toques, a sutil espécie da imaginação humana, que, de suprema criadora
das coisas, também é destruidora da natureza infinita do homem. Resta, à
escritora, escrever e subtrair do todo o enigma das palavras.
***
O texto é belo e as palavras têm um tom lírico que pouco se vê atualmente. Já publicou algum livro ou só escreve no blog mesmo?
ResponderExcluirParabéns, Patrícia... sucesso em sua carreira!
Roberto, obrigada pela visita e comentário! Tenho uma publicação com a Cogito Editora - VII ANTOLOGIA POÉTICA e estou vendo outras possibilidades para a prosa. Na pág de apresentação do Blog tem os endereços que faço postagens:
ResponderExcluirBlog Intimidades de uma Escritora
http://intimidadesdeumaescritora.blogspot.com.br/
Colunista, aos sábados, na Revista Biografia:
http://sociedadedospoetasamigos.blogspot.com.br/search/label/Patrícia%20Dantas
Participará da MUNDO ANTOLOGIA POÉTICA ,
pela Cogito Editora, lançamento em julho de 2013.
Portal BVEC:
http://www.portalbvec.net/
Possuo, desde 2010, sua página atualizada no Recanto das Letras:
http://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=68582
Abraços,
Maravilha !!!!
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