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domingo, 19 de maio de 2013

Dados dourados



              
uma música dentro da outra
Foto: Sérgio Pavanello



              Eles tinham possivelmente uma cor sólida, de uma quentura indizível. Mais pareciam braços entrelaçados no calor de uma madrugada de verão, em que só o brilho condensado de uma lua cheia molharia os amantes inconscientes. Mas, para que uma descrição cheia de fantasias, se me veio à tona coisas tão reais e corruptíveis que invadiram nosso café da manhã, manchando de verdades tão vergonhosas que aparecem nas páginas dos jornais diários, notícias televisivas ou entre os papos corriqueiros que embelezam o contato dos humanos.


                 Estes são os dados dourados! Uma percepção inquietante da magnífica jóia que perpassa a vida: o jogo esmiuçado do ser humano em si, aplaudido e coberto pelos holofotes gigantes do inebriante do universo.


                Das peças hiperbólicas, varandas manchadas pelo vinho noturno, folhas rabiscadas em busca de sentido e, de forma mais efusiva, do avesso da pele e suas contradições, transfiguram-se paixões obscuras que roubam as faces alheias.


                Em mundos coloridos não existem regras, mas interfaces de loucuras! Dados dourados, partidas, fases dos jogos: assim como no submundo das mais variadas espécies vivas ou que emanam a energia vibrante em sua composição ao universo; que sequer se importa acerca das elucubrações acerca da ordem das coisas - somente ordenar seu ciclo de dias e noites, mortes e nascimentos, mentiras e verdades, loucura e sanidade, ódio e amor -, valendo-se ainda de ambiguidades vazias, da criação da coisa em si, corruptível.


                A vida é um grande jogo, permeada pelas incertezas que arrebentam sua correnteza, e vale pensar de qual lado se está mais apto a jogar, afinal, o ser humano é e sempre será sua peça principal, o curinga ou o truque mais barato do qual o indivíduo se dá como o grande vencedor, ou o protagonista de seu palco melodramático e inconstante.



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