Foto: Sérgio Pavanello |
Eles
tinham possivelmente uma cor sólida, de uma quentura indizível. Mais pareciam
braços entrelaçados no calor de uma madrugada de verão, em que só o brilho
condensado de uma lua cheia molharia os amantes inconscientes. Mas, para que
uma descrição cheia de fantasias, se me veio à tona coisas tão reais e
corruptíveis que invadiram nosso café da manhã, manchando de verdades tão
vergonhosas que aparecem nas páginas dos jornais diários, notícias televisivas
ou entre os papos corriqueiros que embelezam o contato dos humanos.
Estes são os dados dourados! Uma
percepção inquietante da magnífica jóia que perpassa a vida: o jogo esmiuçado
do ser humano em si, aplaudido e coberto pelos holofotes gigantes do inebriante
do universo.
Das peças hiperbólicas, varandas
manchadas pelo vinho noturno, folhas rabiscadas em busca de sentido e, de forma
mais efusiva, do avesso da pele e suas contradições, transfiguram-se paixões
obscuras que roubam as faces alheias.
Em mundos coloridos não existem
regras, mas interfaces de loucuras! Dados dourados, partidas, fases dos jogos:
assim como no submundo das mais variadas espécies vivas ou que emanam a energia
vibrante em sua composição ao universo; que sequer se importa acerca das
elucubrações acerca da ordem das coisas - somente ordenar seu ciclo de dias e
noites, mortes e nascimentos, mentiras e verdades, loucura e sanidade, ódio e
amor -, valendo-se ainda de ambiguidades vazias, da criação da coisa em si,
corruptível.
A vida é um grande jogo,
permeada pelas incertezas que arrebentam sua correnteza, e vale pensar de qual
lado se está mais apto a jogar, afinal, o ser humano é e sempre será sua peça
principal, o curinga ou o truque mais barato do qual o indivíduo se dá como o
grande vencedor, ou o protagonista de seu palco melodramático e inconstante.
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