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terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Os anos podem passar

Imagem: disponível em Hanna Brescia in Pictures



Existem anos que não passam, parecem que ficam enferrujados, driblando o tempo dentro da gente, quando muito dos sonhos são finas peças de puro cristal, expostas na vitrine do nosso orgulho.



Que tudo passe, não apenas os anos, os momentos desagradáveis, mas que passem, se limpem, se esqueçam, sirvam de aprendizado a cada dia, porque os sonhos logo vêm, a vida também, principalmente quando temos a sensação que o dia, a semana, o mês, os anos passaram tão rápidos.



Apronte-se para o que o universo pode te oferecer, saboreie, erga a taça, sempre tenha algo a comemorar, nem que seja aos finais de semana – mas, tenha como algo grandioso em sua vida! – pois eles são esperados como grandes acontecimentos.



Gosto da palavra “deleite”, ela representa mais que gozo e prazer, é poética, sabe tirar sua fonte encantadora da vida, sabe revirar, encantar, mimar, produzir, brilhar por onde passa; a pessoa tem deleites sublimes, aí está o mistério das sensações! As vezes são bem efêmeros – os meus rodopiam, estilhaçam, gritam de tantas doses pesadas reunidas.



A pessoa pode até ultrapassar suas dores, mas precisam sobreviver delas, como fontes da luz, do caminho que se abre, do que se acredita para crescimento e aprendizado, como se encontra a fórmula do partir; tudo é fonte e nada necessita estar coberto de razão, pois existem asas que podem voar para lugares distantes, inenarráveis, indescritíveis de tanta beleza, que não necessitam de nenhuma razão para ser.



Adoraria parar, esquecer, seguir como o pássaro que se apega aos fetiche dos ar, fazer truques com as pernas soltas no ar, alcançar a profundidade impensada, amar demasiadamente a cada estalo do pensamento, sem fórmulas para explicar certos tipos de alucinações.



                                          ***


domingo, 29 de dezembro de 2013

Viagem no mundo real



Imagem: disponível em Hanna Brescia in Pictures

Anseio, pelo lindo voo, talvez num balão colorido sumindo ao fundo do horizonte dourado, sem pensar no amanhã.

Necessito, de dentro da alma, não tenho como falar mais o que não cabe aqui, da minha forma imprudente ganhando o céu, sem medo ou culpas, numa viagem fascinante e imprevisível.


Esqueço, que existem medos tão chocantes que nem são mais medos, já são partes da pessoa que os têm, se contornando como os bustos fortes dos deuses.


Perdoo, como o sublime ato de bondade, de inconstâncias exageradas que mudam o rumo de tudo em poucos segundos, apenas o que se basta na concessão da palavra.


Vivo, existo, descobri mais: que estou a todo momento em contato com o mundo das pessoas, o mundo real que também é meu!

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sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Sensibilidade espalhada


Imagem: disponível em Hanna Brescia in Pictures

Sinto tocada pela vida que pesa em minhas mãos, não a trago no peito, mas nas mãos que acariciam e movem minhas perguntas que se espalham maliciosas dentro de mim. Não sei por que vivo, por quem, por que estou aqui, é como ser uma pessoa inventada, sem luzes, encantos, flashes da noite. E o que mais desejo é a noite, quando ela vem já estou preparada, deixo a porta entreaberta, só esperando aflita sua chegada.



Penso nas pessoas que não sabem ou fazem demais das suas vidas, enchem suas mãos de sucessivos suspiros e goles desregrados, não sei para que servem as regras a esta altura, não me importa quem fala das quedas, tenho medo que meus pés pisem forte demais este chão frio e doentio que crava as pessoas como uma forma de confissão. O que tenho para falar é dos meus medos e segredos, e que não interessam a ninguém, por tanto tempo, desde que eles existem. Como viver assim, como vivo?

É ela que vai, segue firme, com tantos planos, cheia de realizações. Por que julgam, por que fazem questão do desfile, das poses, do status? sinto informar, não faço a mínima questão, aliás, não tenho nada a dizer, não adianta mesmo machucar egos imprudentes, que não entenderiam nenhuma parte, do início ao fim, talvez até ficassem estatelados diante dos seus egos inúteis, eles podem acabar algum dia, eu penso.


Apontam como se tivessem uma arma de guarda, um lapso nas palavras reais que machucam, sabem apenas do pouco de onde vem suas notas sussurradas, mas não sabem nunca o que dizem, pois machucam algo disfarçado que não está seguro.


E enquanto penso que sou apontada, o que não me importa muito, mas talvez modifique algo dentro de mim, é o que espero, pois não passa pela minha cabeça algum dia deixar minha sensibilidade de lado, mesmo com coisas aparentemente tão insignificantes - é que o mistério reside em tudo parecer que tem um significado, uma interpretação ou uma luz complexa.


                                             ***

domingo, 22 de dezembro de 2013

Provocação de instantes

Imagem; disponível em Hanna Brescia in Pictures



 Em meio as tantas inquietações que sacodem nosso corpo e tiram nossos pés do chão, tenho medo que nada reste de interessante, porque, sinceramente, o que mais amo é escrever, ler, ver filmes, mimar e estar com as pessoas que amo, conhecer suas entrelinhas e tentar salvá-las, antes que seja tarde demais, e duvido que muitas pessoas não gostem dessa combinação.



Dá medo parar, nem que seja por um segundo para pensar, refletir, exorcizar nossa mesmice que achamos que faz algum sentido – podem até ter seus momentos, e mais nada; tentar provocar a si mesmo com algum sarcasmo não faz nada bem, nossa autocrítica é cruel, e não costumamos nos perdoar. E os outros, o que falam de nós? melhor deixar isso de lado - há tanto o que se viver!



E ainda vivo uma hora que não se traduz, o que mais tenho a fazer? Rolar para os lados, olhar, mirar ao longe dentro de mim, talvez descansar para o fim do dia; e meus pensamentos pesam como canhões, têm uma força gigantesca dentro de mim, é um desejo, um absurdo de interrogações que não deixam passar o minúsculo indivíduo que percorre as ruas sem ser percebido por ninguém, ou, até eu enxergá-lo, com minha precipitação de correr nas pistas densas e perigosas.



Não devo, não sei se deveria acreditar tanto, ou desacreditar? O mundo cada dia parece mais um palco montado para marionetes alvoroçadas, com medo de perder ou não dar tempo de ganhar mais um movimento; é cruel, excitante, profundamente doloroso esperar o último momento, sem pelo menos ter uma pequena certeza ou uma anunciação de que algo vem vindo, ainda que seja devagar, brincando na sombra e tomando a brisa suave do íntimo desconhecido. Não acho que a pessoa de deixa conhecer completamente, a ponto de se saber quem se é.



Por tudo o que tiro fielmente de dentro de mim, pelas sensações que me cercam, os ruídos que desconheço, as ruas alagadas que deixam meus passos em falso, não rogo que eu me conheça, mas que sobretudo eu saiba existir e fazer alguma coisa com o que se revela em cada instante. É o necessário e o que preciso. 

                                           ***