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sábado, 7 de dezembro de 2013

Por conta das horas



Imagem:  Cafeteria automática, Edward Hopper, 1927

Uma sobrevivente. Vejo as pessoas em busca de felicidade, a maldade nos olhos, a fome que ataca todos os dias milhões de pessoas, as ninharias sem valor que ganham poder em todos os cantos do mundo, o medo da morte, a busca de respostas para tudo, as diferenças que dizem que uns são melhores do que outros. E ainda existe explicação para tudo isso: religiosas, econômicas, culturais, políticas, sociais, e tudo mais!



Até aí tudo bem! Buscamos um meio de agir, de onde estamos para o mundo, falamos, debatemos, temos religião ou qualquer crença que nos faça melhor a cada dia, agimos para que a vida não seja tão delinquente como um novato no mundo do crime, sem medo do holocausto diário. E tudo continua nos afetando do mesmo jeito.



Não quero fechar os olhos achando que a humanidade pode ser feliz. Pelo menos aqui, não! Então volto a me perguntar: "Existe felicidade?" e algo grita dentro de mim: "Ela é individual e depende de cada um". Então, fico remoendo que trazemos o bem e o mal dentro de nós, em proporções e doses diferentes.



Logo, tudo se torna um monstro ambíguo e gigante que não me faz acreditar na tão utópica felicidade porque olho muito para o ser humano, questiono, e não encontro resposta alguma que me convença de que é possível ser feliz olhando para o mundo que aí está há bilhões de anos: o mundo das diferenças, das guerras, dos medos, da insatisfação, da solidão, da fome, o universo trágico dos pobres. Preciso olhar para este mundo todos os dias para lembrar que sou humana e que tenho necessidade de vida.



Ah, o mundo mesquinho dos holofotes, da glória e das aparências e da ignorância fantasiada do pedantismo - ele também existe! Também olho para ele todos os dias para me provar que, acima de tudo, somos humanos.



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