Poesia desencantada
Houve um tempo em que certos homens trouxeram belas palavras que,
porventura, um dia, esculpiram a face do mundo e arrebataram o pulsar furtivo
dos corações embriagados.
Bendita curiosidade que faz irradiar minha imaginação por aqueles
campos melindrosos de outrora, a esconderem seus resquícios sob o brilho tímido
da lua. Dessa sensibilidade monstruosa, que chega a doer nos dias de chuva, só
resta rogar ao mundo, que traga de volta aqueles benditos Shakespeares, Byrons,
Baudelaires... São desses verdadeiros poetas da vida que o mantra espiritual da
vida acorrentada de hoje necessita; desses verdadeiros deuses de palavras
viajantes que a vida necessita caminhar!
Ora, se não conseguimos caminhar com nossos próprios pés em matéria de
maiores sentimentos - desculpem-me nossos benquistos humanos racionais, mas
nosso mundo grita pela chama da poesia apagada! Aquela que os nossos mestres,
agora, já perderam o entusiasmo de nos passar ou, por certa maldade, não voltam
mais seu olhos para o que realmente importa: o diálogo sobre as maravilhas da
vida e dos amores de cada dia.
Por ora, vemos as inventivas infrutíferas dos míseros seres que desejam
acabar e envenenar o legado que os mais nobres homens nos deixaram. Só nos
resta uma saída: buscar o invisível entre os homens.
* * *
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