Translate

domingo, 22 de dezembro de 2013

Provocação de instantes

Imagem; disponível em Hanna Brescia in Pictures



 Em meio as tantas inquietações que sacodem nosso corpo e tiram nossos pés do chão, tenho medo que nada reste de interessante, porque, sinceramente, o que mais amo é escrever, ler, ver filmes, mimar e estar com as pessoas que amo, conhecer suas entrelinhas e tentar salvá-las, antes que seja tarde demais, e duvido que muitas pessoas não gostem dessa combinação.



Dá medo parar, nem que seja por um segundo para pensar, refletir, exorcizar nossa mesmice que achamos que faz algum sentido – podem até ter seus momentos, e mais nada; tentar provocar a si mesmo com algum sarcasmo não faz nada bem, nossa autocrítica é cruel, e não costumamos nos perdoar. E os outros, o que falam de nós? melhor deixar isso de lado - há tanto o que se viver!



E ainda vivo uma hora que não se traduz, o que mais tenho a fazer? Rolar para os lados, olhar, mirar ao longe dentro de mim, talvez descansar para o fim do dia; e meus pensamentos pesam como canhões, têm uma força gigantesca dentro de mim, é um desejo, um absurdo de interrogações que não deixam passar o minúsculo indivíduo que percorre as ruas sem ser percebido por ninguém, ou, até eu enxergá-lo, com minha precipitação de correr nas pistas densas e perigosas.



Não devo, não sei se deveria acreditar tanto, ou desacreditar? O mundo cada dia parece mais um palco montado para marionetes alvoroçadas, com medo de perder ou não dar tempo de ganhar mais um movimento; é cruel, excitante, profundamente doloroso esperar o último momento, sem pelo menos ter uma pequena certeza ou uma anunciação de que algo vem vindo, ainda que seja devagar, brincando na sombra e tomando a brisa suave do íntimo desconhecido. Não acho que a pessoa de deixa conhecer completamente, a ponto de se saber quem se é.



Por tudo o que tiro fielmente de dentro de mim, pelas sensações que me cercam, os ruídos que desconheço, as ruas alagadas que deixam meus passos em falso, não rogo que eu me conheça, mas que sobretudo eu saiba existir e fazer alguma coisa com o que se revela em cada instante. É o necessário e o que preciso. 

                                           ***


Nenhum comentário:

Postar um comentário