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sábado, 21 de dezembro de 2013

A combinação do menos é mais


Imagem: Henri Cartier-Bresson, Boulevard Diderot, 1969



A combinação de tudo me impressiona. Gosto de montar quebra-cabeças com talheres, roupas, sabores de comidas e bebidas e pessoas, não interessam os escrúpulos.



Na rua, invento motivos só para olhar mais de perto os casais ou amigos que se estendem para beijos e abraços ou apertos de mãos, tão provocantes! Logo penso: “O que há com essas almas que necessitam se encontrar nesse exato momento e provar do estado de existência do outro?”. Sei que me recolho aos meus questionamentos periféricos de sempre querer entender as coisas como são, como elas se desenrolam e sobrevivem num universo de probabilidades infinitas.



Por que motivo aparente ou circunstância – do destino ou da pessoa em si – um casal flerta no caos proibido ou descobre no outro algo mais, uma terrível amizade inseparável, o algo que estava ali, passivo, blindado e indestrutível?



Não são os fatos ou o cotidiano fora do comum que me extasia, mas o mistério que emana o cosmo da simplicidade, é daí que moldaram o ditado do chic, do clean contemporâneo de que “menos é mais”, uma pequena frase de uma forte combinação de ideias que quer dizer e expressar muito mais do que o que se vê realmente. É a mensagem que ultrapassa a mera interpretação e se esbalda dentro da gente externando o que nos faz tão bem: a simplicidade de ser o mais breve possível num sorriso ou abraço verdadeiro, sem o exagero das máscaras – é o que se pode ser numa fração de segundos, completamente.



Mas boas doses de superficialidade e exagero podem ser bem-vindas e surreais, e podem dissecar quase sempre o íntimo de uma pessoa, desde que sejam bem elaboradas e curtidas como o bom vinho; às vezes elas são bem necessárias para nos apresentarmos quando o que mais gostaríamos é que pudéssemos escapar do mundo, nem que seja por uma saída secreta, ao estilo dos esconderijos medievais. É o intrigante personagem das aparências, da pose, do brilho disfarçado na infinitude.



Quem diz que nunca fez uma pose ou pulou desavergonhadamente no palco da vida, ainda tem muito que atuar, ensaiar para acertar o passo.



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