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quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Fantoches



O acordar noturno é como se espalhar pela morte e conhecer as alucinações horrorosas que roubam nossos sonhos durante o dia. Quantos, tenho visto voando, rondando minha cabeça, exalando um cheiro quase mórbido, ofegante – são eles, que desconheço em suas deformidades. O que procuro são suas pupilas enclausuradas, vagando por entre os desertos dos crepúsculos, procurando campos minados de outros vermes vivos, espalhados numa torrente inebriante de insetos famintos de sangue humano: nosso sangue!

Algumas vezes, sigo meus passos e acompanho despudoradamente cada entranha da terra que se arraiga, e vejo uma das coisas que mais temo: vermes imundos que um dia sugarão meu sangue debaixo de uma terra úmida, calorosa, que solta larvas gasosas, coalhando sangues que ofuscam vidas e andam por entre os homens.

Abram os olhos! Alguns dizem-no. Homens de moralidade hipócrita, acordem e corram atrás dos seus atos vergonhosos. Não chegam a perceber o desencanto dos dias quentes. Esta é a apatia jogada em cima da vida, o que torna a causa do desalento que não souberam esconder. 

Vermes! Vermes! Vermes! Tenho receio de como digerem a carne, tão rápidos. Se pudessem aspirar nossos ossos... - assim também pensa o homem! Sua vontade de driblar as efervescências humanas torna-o quase sempre um covarde primeiro em seu invólucro. Já os vermes, levam suas vidas diferentes dos humanos, porém, suas morais assemelham-se. Digo dos homens os quais a superficialidade do mundo sobe-lhes à cabeça; daqueles que andam em círculo, perseguindo caminhos que desmantelam as vidas dos seus semelhantes; dos que programam a mente, a fim de se esquivarem dos raios de sol; e ainda daqueles que são tragados pela noite em seus lençóis solitários.

Homens-vermes! Homens-morcegos! Alimentam-se às escondidas, no momento em que dorme a humanidade. Essa fome representa a gravação do medo intrínseco à alma: a deterioração perpétua.

Como fantoches, seremos sombras de um mundo que será o que fomos; partiremos com nossos aguilhões e, sorrateiramente, o abandonaremos ao acaso do amanhecer; produziremos confusões de identidade. Os monstros surreais serão homens, e os homens, gentilmente, alçarão vôos noturnos, alados em asas de morcego entoadas por hinos de anjos malditos.


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